29/07/2016

A novolindense, Maria de Fátima Silva, conclui graduação na Paraíba

Maria de Fátima Silva deixa Nova Olinda e no Estado da Paraíba concretiza um sonho – a graduação em Serviço Social

Maria de Fátima Silva, novolindense, colou grau em Serviço Social no dia 25 de julho pela Faculdade Internacional da Paraíba-FPB/Universidade da Rede Laureate no Brasil. Iniciou seus estudos no ano de 2012 e a colação de grau aconteceu este ano.

Então, a convidei para ceder uma entrevista ao meu Blog contando um pouco desta trajetória.

Vamos a entrevista!
Lucélia Muniz - Quais os principais desafios enfrentados por você ao sair de Nova Olinda para fazer sua graduação em outro estado?
Maria de Fátima - Sair de casa e deixar minha mãe, irmãs, irmãos, sobrinhos e sobrinhas e me adaptar em uma cidade tão grande como é João Pessoa se comparada a Nova Olinda. O segundo desafio   foi vencer a mim mesma, pois tinha medo de começar a estudar aqui, de ser rejeitada por ser do interior. Em janeiro de 2012 comecei a fazer cursinho na Academia Epitácio Pessoa-ACEP e depois da experiência de seis meses de cursinho eu percebi que já estava pronta para entrar na faculdade. O terceiro desafio   foi ter que trabalhar o dia todo e estudar a noite, às vezes saia do trabalho direto pra faculdade. Foram quatro anos de renúncia. Esses foram os principais desafios, os outros eu tirava de letra, pois eles foram menores que o meu sonho de ser Assistente Social. E quanto ao medo de não dar certo, medo de não conseguir terminar a faculdade, fingia que tinha coragem e enfrentava assim mesmo... até porque eu não era a primeira pessoa que trabalhava, estagiava e estudava ao mesmo tempo! Quando pensava em desistir lembrava que o que eu sabia era pouco e seria uma frustação não terminar a faculdade. Eu tinha um objetivo - concluir a universidade! Foi um compromisso que assumi comigo mesma, decidi me dedicar ao meu curso e conclui-lo era uma questão de honra.

Lucélia Muniz - Qual a principal função da profissão de quem se forma em Serviço Social?
Maria de Fátima - Atuar nas multifacetas das expressões da questão social, a proposta do curso de serviço social é centrar-se na formação do assistente social competente em sua área de exercício profissional, generalista em sua formação intelectual e cultural, com domínio de um conjunto de informações, as quais devem ser mediatizadas pelas dimensões técnico-científica e ético-política da profissão. Assim, permitindo-lhe pensar e adotar ações criativas e inovadoras no campo das políticas sociais públicas e privadas. A atuação dos profissionais do serviço social dever ser pautada nos valores da democracia, da liberdade e da cidadania. Ter clareza dos direitos de cada cidadão e trabalhar conforme os princípios éticos da profissão, defendendo os direitos e a emancipação da população. Ainda contribuir por meio de sua atuação para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e menos excludente. Creio que não exista uma função principal, todas as nossas funções são importantes não importa a nossa área de atuação. É meu dever enquanto profissional, trabalhar com dedicação, respeito, ética e me sobrepor a precarização do trabalho e contribuir para a defesa intransigente dos direitos humanos, sociais e a liberdade dos cidadãos.
 
Lucélia Muniz - Em quais ambientes da sua área de atuação você fez estágio e qual o aprendizado advindo destas experiências?
Maria de Fátima - Eu estagiei apenas na saúde, no complexo Hospitalar Governador Tarcísio Burity, complexo hospitalar de emergência e urgência, clínica cirúrgica e psiquiátrica no município de João Pessoa. Além da atenção específica aos casos de traumato-ortopedia, em situações de urgência e eletivas. A priori eu pretendia estagiar na assistência social não na política de saúde, mas infelizmente eu não consegui conciliar com o meu trabalho, pois eu só tinha o sábado e o domingo disponível para o estágio. Já que eu trabalhava o dia todo e a noite eu estava na faculdade, então por necessidade eu passei a estagiar em regime de plantão de 12 horas aos sábados e aos domingos das 7 horas às 19 horas. Só na saúde   tinha horário disponível nos fins de semana, nesse caso acabei indo para o hospital. Nos primeiros dias de estágio, confesso que me deu vontade de sair do hospital correndo, pois as cenas eram lamentáveis... eu estava vendo de perto a realidade da saúde pública, um hospital superlotado e os usuários que chegavam constantemente em busca de atendimento ficavam em macas espalhadas pelos corredores do hospital, pois os leitos não cabiam mais ninguém. Dias depois já amava muito meu estágio na saúde, foi uma experiência ímpar passar um ano estagiando lá. Eu percebi como foi importante toda a teoria aprendida em sala de aula, percebi que não é possível compreender a realidade sem teoria, aprendi como ser assistente social, aprendi também como eu não deveria ser como profissional. Aprendi que   todo o caos da saúde era só mais um obstáculo a ser ultrapassado, tinha que ser forte e ao mesmo tempo humana, apesar de tanto cansaço físico e mental tinha consciência que muita gente necessitava de acolhimento! Era meu dever como estagiária ser ética e bem informada para fazer os devidos encaminhamentos e passar as orientações devidas aos usuários da política pública de saúde. Aprendi que a precarização do trabalho do assistente na saúde e a precarização da saúde não poderia engessar minha atuação naquela instituição, nem lá e nem em outro setor que eu vá trabalhar. Sempre que podia eu participava dos fóruns estaduais da assistência social, cursos, palestras promovidos pela Secretaria Estadual e Desenvolvimento Humano-SEDH. Estagiava na saúde mais o meu Trabalho de Conclusão de Curso-TCC foi escrito na assistência social na proteção social básica, nos Centro de Referência de Assistência Social-CRAS. Foi uma análise do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos familiares e comunitário. Ouvi muito que escrever na assistência seria uma loucura porque era mais fácil eu continuar com o que eu já tinha feito na saúde... continuar com o projeto de intervenção, a contextualização da política seria mais simples, porém se fosse para o campo da assistência social eu teria que começar do zero e isso seria muito difícil. Mesmo assim, escrevi na assistência social até porque o fácil todo mundo já faz, graças a Deus a minha orientadora Gilvaneide Nunes me ajudou e contribuiu bastante na construção do TCC, foi extremamente dedicada.
Lucélia Muniz - O que pretende fazer a partir de agora já com seu diploma de conclusão em mãos?
Maria de Fátima - Pretendo estudar mais, fazer pós-graduação, mestrado e quem sabe até o doutorado. Estou apenas na metade do que quero para minha vida. Pretendo trabalhar na minha área e vou atuar na política de assistência social, na proteção social básica, média e de alta complexidade, na educação, na saúde e quem sabe até na docência, seja aqui em João Pessoa-PB ou no Ceará.
Lucélia Muniz - Deixe uma mensagem de incentivo para alunos concludentes do Ensino Médio que irão ingressar numa faculdade para fazerem uma graduação.
Maria de Fátima - Não desistam de vocês, estudem e estudem muito, bem sei que a educação pública brasileira ainda é precária, mas isso não é motivo para não se dedicar aos estudos! Nós só aprendemos em sala de aula apenas 50% e os outros 50% cabe apenas a nós como alunos/as buscar aprender! A nossa formação está além das paredes da sala de aula, pois nem sempre um professor consegue passar todo conteúdo necessário, seja pela precarização do trabalho, a sobrecarga de trabalho e por muitas vezes os alunos não contribuírem para que isso aconteça. A educação é primordial na nossa vida! Não sou altruísta, mas sinto profundamente quando alguém sabe apenas assinar o nome, sinto mais ainda quando não sabem ler. Quando eu terminei o ensino médio eu passei 4 anos sem estudar, isso foi muito ruim... sentia um vazio muito grande, sabia que tinha estacionado e isso não era bom... daí resolvi voltar a estudar e isso foi a melhor coisa que já fiz na minha vida. Minha mãe teve 10 filhos eu sou a 8ª e apenas eu fiz faculdade. Algumas de minhas irmãs mal conseguem fazer o nome, outras nem isso. Eu queria fazer a diferença, queria romper com o que está posto que aluno de escola pública não chega a faculdade, que filho de agricultores não chega a faculdade, que filhos de pais analfabetos não chega a faculdade.  Amem a leitura, leiam o máximo que puderem, aprendam a ser críticos, a serem politizados, façam a diferença! A educação liberta e é a única forma de alcançarmos a emancipação humana. Ouso em dizer que a educação é a salvação do Brasil, a educação é primordial!

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