08/11/2016

SOU OU NÃO SOU CORDELISTA?

Fui na infância um menino
Bem dedicado a leitura
Dentro da literatura
Eu achava o meu destino
Fiz da poesia um hino
Para atingir minha meta
Da maneira mais completa
Escrevia noite e dia
Sonhei com Academia
Como faz todo poeta.

Meus primeiros madrigais
Eram datilografados
Eu fazia encadernados
Com o apoio de meus pais
Quando fui crescendo mais
Fui ficando adolescente
Fiquei mais eficiente
E um livro publiquei
Muito aperreio passei.
Melhorou dali pra frente.

Entrei na Sociedade
Dos poetas de Araripe
Me juntei a uma equipe
De muito boa vontade
Me envolvi de verdade
Era um sonho realizado
Fazendo tudo do agrado
De quem já me recebia
E o sonho da academia
Inda não tinha acabado.

Até que, enfim, entrei
Em uma academia
Enviei uma poesia
E por um tempo esperei
Até que um dia, chorei
Na resposta recebida
Tinha entrada garantida
Na academia de cordel
Parecia está no céu
Com tanta emoção sentida.

Mas a ilusão existe
Na caminhada da gente
Para dizer ao vivente:
- Eu sei que você desiste!
Mas só vence quem insiste
Foi isso o que eu senti
Portanto, eu insisti,
Dando continuidade
Buscando imortalidade
Onde primeiro morri.

Até que entrei direto
Na Academia do Brasil
Pulo maior ninguém viu
O meu sonho foi completo
Com a notícia, um indiscreto!
Festejei o quanto pude
Um sonho de juventude
Desde sempre acalentado
Não ficaria calado
Pois essa aqui não me ilude.

Esta sim é Academia
Tem valor de sodalício
Meu assento é vitalício
Não sairei qualquer dia
Por isso minha alegria
E emoção principal
Nesta casa maioral
Assunto particular
Não pode atrapalhar
Entusiasta cultural.

Trago comigo a premissa
Que o mérito não se tira
Muito embora a ira
Às vezes nos enfeitiça
Mas isso não me atiça
Pois mesmo um tanto irado
Fiz alguém agraciado
Com o mérito que tinha
Se a ideia foi minha
Também foi meu o recado.

Jamais levei para a mesa
Ao banquete da cultura
Qualquer tipo de frescura
Pois sempre tive a certeza
Que um homem de firmeza
Não se dá a luxo tanto
Respeito em todo canto
Personagem cultural
Mas respondo neste grau
Porque também não sou santo.

Dei comenda e agraciei
Com um discurso bem feito
Porque mérito dum sujeito
Eu nunca, jamais, tirei.
Mas com a posse da Lei
Sua gerência foi vil
Acréscimo ali ninguém viu
Sua gestão malogrou
Foi festa pra quem entrou
E o mesmo povo saiu.

Desde cedo sou poeta
Mesmo sem academia
Escrevo por qualquer via
E só isso me completa
A cultura é minha meta
Sou agente cultural
Ser poeta estadual
Foi um sonho realizado
E se cheguei neste lado
Eu não vejo nisso mal.

Nunca fiz nada demais
Só leitura em demasia
Tanto que tive uma tia
Que eu não deixava em paz
Se um assunto ela ia atrás
Tentando me ensinar
Eu mesmo sem pesquisar
Dizia o resultado
Se não dei o meu recado
Não posso mais explicar.

Li tudo o que podia
Se encontrava em português
Nunca neguei, uma vez,
De fazer qualquer poesia
Se não tinha maestria
Mas entregava o escrito
Popular ou erudito
Fazia dentro do prazo
Se não ficava um arraso,
Mas cumpria o veredito.

A poesia popular
Sempre foi o meu xodó
Escrevo soneto só
Quando preciso apressar
Mas o cordel é sem par
O modelo mais bonito
O livro por Deus escrito
É um cordel, certamente,
Com o nome do vivente
Pelo grafite bendito.

E depois desta poesia
Será preciso dizer
Meu estilo de escrever
Toda hora, noite e dia?
Com ou sem Academia
(Porque isso se conquista)
Meu estilo tá na vista
Não precisa pesquisar
Mas eu quero perguntar:
Sou ou não sou Cordelista?

Francisco Adriano de Sousa

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